“O
corpo é o ponto zero do mundo” (p.14), diz-nos Foucault; o corpo é o
ponto de onde pode se dizer eu sonho, eu falo, avanço, imagino, percebo e
nego as coisas que percebo e que imagino. Ele é um ponto nulo, um
sem-lugar a partir do qual se irradiam todos os lugares possíveis, reais
ou utópicos, homotopias, heterotopias e utopias. Assim, “[t]odas
aquelas utopias pelas quais eu esquivava meu corpo encontravam muito
simplesmente seu modelo e seu ponto de aplicação, encontravam seu lugar
de origem no próprio corpo.” (p.11) Um eterno retorno, do corpo às
utopias e de volta ao corpo, um processo de recriação, do corpo utópico
ao topos que dá, então, lugar ao corpo e o move, muda, desloca; e “[...]
no limite, é o próprio corpo que retorna seu poder utópico contra si e
faz entrar todo o espaço religioso e do sagrado, todo espaço do outro
mundo, todo o espaço do contramundo, no interior mesmo do espaço que lhe
é reservado.” (p.14) Do corpo ao corpo, do pó ao pó.
REFERÊNCIA
FOUCAULT, Michel. O corpo utópico, as heterotopias / Le corps utopique, les heterotopies. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: n-1 edições, 2013.
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